quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Programa do Ministério da Saúde (Consultório Na Rua)


Conseguimos para São João de Meriti, o Programa do Ministério da Saúde, projeto pioneiro de atendimento médico a moradores de rua (CONSULTÓRIO NA RUA). A base será a unidade de saúde da Vila União, em São Mateus. A equipe terá médicos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de saúde bucal, contando com um consultório volante num veículo adaptado.

O Consultório de Rua é uma experiência que surgiu no início de 1999, em
Salvador, na Bahia, realizada pelo Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas –
CETAD, instituição criada como extensão da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal da Bahia (UFBA). O projeto foi idealizado pelo Prof. Antônio Nery Filho no
início dos anos noventa, como uma resposta ao problema das crianças em situação de
rua e uso de drogas.

Foi somente no início de janeiro de 1999, entretanto, que o projeto foi
concretizado pela primeira vez, a partir de uma parceria com a Prefeitura Municipal de
Salvador. Durante os oito anos seguintes a experiência foi possível com apoio
financeiro de outras instâncias governamentais, como o Ministério da Saúde, Secretaria
Nacional Sobre Drogas - SENAD, Secretaria de Combate à Pobreza e Secretaria do
Trabalho e Ação Social do Governo do Estado da Bahia (OLIVEIRA, 2009).

Em maio de 2004 o Consultório de Rua foi implantado no primeiro CAPS AD
de Salvador, seguindo até dezembro de 2006. Tanto o CETAD, de natureza
ambulatorial, quanto o CAPS AD, caracterizado como um espaço de permanência diária9
permitem uma avaliação do funcionamento do Consultório de Rua na arquitetura da
rede institucional de serviços para usuários de álcool e outras drogas. O trabalho
articulado com o CAPS AD demonstrou que a retaguarda do Consultório de Rua
favorece o fluxo de encaminhamento e a inserção na rede dos usuários mais
comprometidos com o uso e em situação de maior vulnerabilidade social.

Como experiência inaugural, o primeiro Consultório de Rua de Salvador foi
desenvolvido a partir das premissas desenhadas no seu projeto original. À medida que a
prática foi acontecendo, ele foi sendo ajustado, sem perder suas características
essenciais. As especificidades da população e os contextos do trabalho, com
características tão especiais, foram determinando mudanças que levaram à forma mais
adequada de a equipe operacionalizar seu funcionamento e, deste modo, também ao
melhor atendimento às demandas e necessidades dos usuários. Assim, a composição
multidisciplinar da equipe foi assumindo nova configuração, até se encontrar o conjunto
de categorias profissionais que possibilitasse mais resolutividade das demandas e maior
conforto para a equipe no seu modo de atuar.

A avaliação da experiência ocorrida entre 1999 até 2006 permitiu elaborar uma
consideração sobre a pertinência deste dispositivo como alternativa para a abordagem e
atendimento aos usuários de drogas em situação de grave vulnerabilidade social, e com
maior dificuldade de aderir ao modelo tradicional dos serviços da rede (OLIVEIRA,
2009). Deste modo, em 2009 o Ministério da Saúde propõe o Consultório de Rua como
uma das estratégias do Plano Emergencial de Ampliação de Acesso ao Tratamento e
Prevenção em Álcool e outras Drogas no Sistema Único de Saúde- PEAD, sendo
incluída também, em 2010, no Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack, com o
objetivo de ampliar o acesso aos serviços de saúde, melhorar e qualificar o atendimento
oferecido pelo SUS às pessoas que usam álcool e outras drogas através de ações de rua.
A experiência do Consultório de Rua de Salvador serve, nesse momento, de
referência para os novos projetos, consolidando, cada vez mais, o seu lugar na rede de
atenção para os usuários de álcool e outras drogas que vivem nas áreas de maior risco
social nos espaços urbanos.

O panorama de jovens em situação de rua e uso de drogas vivendo sob grave
condição de vulnerabilidade social, em exposição a riscos à saúde física e psíquica, que
se repete em diversas cidades, vem sendo observado gradativamente desde as três
últimas décadas em Salvador. Era notável a ausência de demanda para atendimento
especializado de uma grande parcela destes usuários, que dificilmente procurava o CETAD/UFBA, um centro de referência para tratamento dos problemas decorrentes do consumo de psicoativos na cidade.




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